sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SUPERNOVA



Quase lá, trezentos e cinquenta mil quilômetros numa noite clara de dezembro e eu estou mirando bem em sua direção. Atráves de uma flecha de luz, o Sagitário me guia, ultrapasso estrelas rubras e constelações rutilantes, a solidão do cosmos é sedutora. Asteróides se distanciam, estou em sua direção, acertei o mapa, percebi a clareza do oitavo sol! Singro galáxias, já estou em Andrômeda, a via-láctea me deixou boas recordações, foi lá que vi erupções solares, nebulosas e você pela ultima vez...


Você me deixa sem fôlego, você é uma Supernova e eu, um viajante estelar, há anos-luz correndo ao seu encontro, mas agora sim, agora sim, estamos em rota de colisão. Dois planetas colidem, duas almas se chocam. Todos os medos nos temerão. Todas as dores tornar-se-ão nulas. Nem mesmo os seres do espaço podem nos salvar. Só eu e você...


Achei! É aquele Planeta:


Pouso, que decepção:


- Piloto para Terra: Estou procurando por vida nesse planeta senhor, mas não há sinal de vida. Tudo que eu posso ver é um monte de fumaça voando. E eu estou tão extasiado que eu posso morrer se eu chegar perto. Então, deixe-me sair desse lugar, eu estou fora do lugar... Agora, já estou no espaço, eu vou desaparecer sem deixar rastros. Estou indo para um lugar bonito onde as flores crescem. Estarei de volta em uma hora ou mais...


- Aí do alto deve ser esquisito...


- Daqui de cima até que é normal.


- No asfalto meus tênis derretem...


- Aqui; nem frio, nem calor.


- Minha cabeça pesa quase 2kg...


- Meu corpo flutua, peso nenhum!


- ahh... fim da missão: nenhum amor encontrado, nenhum amor perdido.


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Click Click Boom

Eu vou transpondo obstáculos terríveis

Duvidando de verdades incríveis

São falsas flores, flores envolventes

Falsas ideologias postas em nossas mentes

Mas não há mais tempo

A não ser neste momento

Dizem que eu sou meio apocalíptico

Mas quem é você para me julgar?

Estou aqui para protestar

Nunca vou conseguir me adaptar

É Como o garoto da bolha

Que libera tudo numa folha

Por isso que minha mente é como dinamite

Uma vez que eu pego no grafite

É como se os críticos morressem de hepatite

Como se o pavio estivesse aceso

E ninguém jamais sairá ileso

Expressando e rimando rebeldia

Sou um grande poeta que odeia poesia

Sou um grande fracasso que arde em agonia !!!!!!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

T U R B U L ÊN C I A




Há tempos luto em guerras inglórias que só existem dentro de mim. Fugaz em determinadas batalhas, aniquilador em outras e apático em muitas. Porém; faço questão de ressaltar, não perdi nenhuma, muito menos ganhei alguma. São guerras intermináveis, autótrofas, inconstantes, exaustam-me. Latem do fundo dos brônquios, onde o sangue converte-se em gás,
Allez la liberté, la liberté cherie! É de um espírito revolucionário potente, onde operários sentem fome de carne burguesa. Atiram! Racham os crânios entre pérolas e porcos e comem, comem, comem, satisfazem-se, esbanjam-se. Ah! Admirável mundo novo! Onde estão os mercenários que entregaram todos os seus bens para uma causa maior, que morreram na construção de um novo mundo? Que queimaram a poesia parnasiana, psicografaram poemas de Bilac, apenas para tacar-lhe um talonaço de adaga em seu fantasma? Estão aí, em cada bainha de mielina de meu cérebro, possuídos por uma raiva paranóica de tudo e todos, é o Multiplicador keynesiano elevado a quintessência do cosmos, onde cada minúsculo estímulo reflete uma explosão atômica. Dê-me mais! Direto no cerne, ata-me em ódio filhos da puta. Pensam que me causam dor? Estou ainda aqui, esperando o fim. Mal sabem o quão é fácil.

P L E N I T U D E



Cogitam ser meu corpo feito de ferro e até mesmo esquecem que o ferro enferruja. Contudo, sou de vidro e faço questão de provar. Olhe para mim enquanto eu me quebro, enquanto desapareço na atmosfera! Viu? Agora estou aliviado, alívio penetrante, efeitos redentores, etéreas substâncias que não sucumbirão em tempos vindouros, convalescência! Não morro tão cedo. Os escassos campos da plenitude são tão bons, lá tenho paz, tranqüilidade e drogas que inclusive fazem esquecer que estou sobre o efeito delas. O cheiro do pus e os calos porosos das mãos ao invés de repulsa fazem-me feliz. Não terei uma morte normal, morrerei duas vezes, uma lá, outra aqui.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Naqoyqatsi*



Não me indague sobre onde estou indo, não faço a menor idéia; até a mais tenra dúvida torna-se a mais atroz irresolução quando adentra minhas veias, porque eu, simplesmente, baixo o decreto de não poder errar. Sinto-me como se estivesse caminhando na corda bamba sem a rede de proteção e todo esforço para amenizar o sofrimento da dúvida é inútil. Pois, se decido por algo, programo todas as funções de meu organismo para jazer num inabalável estado de arrependimento. “E se eu tivesse optado pela outra alternativa? Estaria mais pleno, sim, tenho certeza, que estaria mais pleno! Como eu sou burro, sempre fazendo escolhas que me deixam neurastênico, que me provocam abalos sísmicos! A outra alternativa estava lá, tão fácil, mas não, eu sinto prazer em sofrer, tenho que escolher, justamente, a que me causa peste!” ...Sem, no entanto, admitir que esta outra alternativa também me causaria peste.

Contudo, o pior não é quando tomo a decisão, o pior é quando deixo as alternativas alheias, a Deus dará, aí sim, elas se matam e a sobrevivente norteará meu futuro. Esta situação decapita minha auto-estima e minha imaginária independência; o sentimento de remorso proveniente desta conjuntura converte cada pensamento meu em um axioma suicida. A estrutura psíquica necessária para dar fim a minha vida se finaliza; faltaria, apenas, um ensejo.

Culpados para este meu estado imaturo existem, mas não os acuso. Seria criar ojeriza de forma gratuita, pois eles não sabem do assombroso crime que cometeram. O mais terrível, porém, é que, todos me prejudicaram a seu modo, cada qual me esfolando até os ossos, e depois, como se não bastasse, cortavam meu abdômen, perfurando meu intestino, com a faca mais afiada que podiam encontrar e voltavam na próxima semana, apenas, para reabrir o corte. Penduravam-me pelos tornozelos até eu balançar e me estendiam por ambos os ângulos até me desmembrar. Por fim, espremiam minha cabeça até meu cérebro vazar por minhas artérias, e em seguida, estourar como chafarizes do Tanque. ”O que sobraria dessa crueldade?” Você ainda tem coragem de perguntar... Dano mental foi o que aquele médico disse! Ah! Eu ainda agradeço a eles, amo-os, desde o instante em que nasci, mesmo, até antes dele, desde que lutava para sobreviver a tempestades de raios dentro do útero de minha mãe. Não, não, não, por favor, na realidade, o macaco atormentado que vos escreve ainda está preso no conflito entre sua cauda e seu humor.

* Naqoyqatsi é uma expressão da língua Hopi que significa "a vida como uma guerra" ou "a guerra como um meio de vida".

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

JOVENS ETERNAMENTE



Vejo o que você vê,

Minha vida está no mar

Verdade absoluta

Quem sabe é agora.


Nossas linhas se cruzaram

Tudo tão normal,

E isso é perfeito

e o que é perfeito

tornou-se vital.


Escuro e assustador,

Medo do destino

Tudo fica frio

Longe de te ver


Claro e agradável,

Nosso tempo parou

O nada fica quente...

Eternamente


Paranóias e de repente

Meu pensamento voa

pelo chão


Silêncio e ilusão,

ilusão de alguém que vem

salvar paixões,

frágeis que são


Como é bom sonhar

Com o som no ar