quinta-feira, 26 de agosto de 2010

T U R B U L ÊN C I A




Há tempos luto em guerras inglórias que só existem dentro de mim. Fugaz em determinadas batalhas, aniquilador em outras e apático em muitas. Porém; faço questão de ressaltar, não perdi nenhuma, muito menos ganhei alguma. São guerras intermináveis, autótrofas, inconstantes, exaustam-me. Latem do fundo dos brônquios, onde o sangue converte-se em gás,
Allez la liberté, la liberté cherie! É de um espírito revolucionário potente, onde operários sentem fome de carne burguesa. Atiram! Racham os crânios entre pérolas e porcos e comem, comem, comem, satisfazem-se, esbanjam-se. Ah! Admirável mundo novo! Onde estão os mercenários que entregaram todos os seus bens para uma causa maior, que morreram na construção de um novo mundo? Que queimaram a poesia parnasiana, psicografaram poemas de Bilac, apenas para tacar-lhe um talonaço de adaga em seu fantasma? Estão aí, em cada bainha de mielina de meu cérebro, possuídos por uma raiva paranóica de tudo e todos, é o Multiplicador keynesiano elevado a quintessência do cosmos, onde cada minúsculo estímulo reflete uma explosão atômica. Dê-me mais! Direto no cerne, ata-me em ódio filhos da puta. Pensam que me causam dor? Estou ainda aqui, esperando o fim. Mal sabem o quão é fácil.

P L E N I T U D E



Cogitam ser meu corpo feito de ferro e até mesmo esquecem que o ferro enferruja. Contudo, sou de vidro e faço questão de provar. Olhe para mim enquanto eu me quebro, enquanto desapareço na atmosfera! Viu? Agora estou aliviado, alívio penetrante, efeitos redentores, etéreas substâncias que não sucumbirão em tempos vindouros, convalescência! Não morro tão cedo. Os escassos campos da plenitude são tão bons, lá tenho paz, tranqüilidade e drogas que inclusive fazem esquecer que estou sobre o efeito delas. O cheiro do pus e os calos porosos das mãos ao invés de repulsa fazem-me feliz. Não terei uma morte normal, morrerei duas vezes, uma lá, outra aqui.